quinta-feira, 2 de abril de 2009

Cadeados.

Eu não sei qual é o motivo de eu continuar escrevendo. Escrevo sem tema, sem concordância e nenhuma veia poética. Não crio personagens, não invento mundo encantados nem sei escrever sobre fantasias. Acho meus textos tão sem-graças que são dignos de um diário de uma menina de 10 anos de idade, que preza tanto pelos seus segredos, que os mantêm trancados em um caderno com um cadeado de plástico em forma de coração.
Diferente da menina, meus segredos escritos não estão trancados em um caderninho com cheiro de tutti-frutti. Os segredos que guardo dentro de mim estão presos dentro de um cofre com os cadeados mais poderosos que já vi. Eu tento me abrir, e escrevê-los, como se fossem uma casualidade qualquer, mas não consigo. Talvez assim como a menina, quero que alguém um dia encontre a chave do meu cadeado, e leia os meus segredos.
Não é algo digno de investigações, ou crimes bárbaros. São casualidades e pensamentos aleatórios que eu tenho ao passar do dia, e que não conto para ninguém. São desejos que tenho antes de dormir, e acordo morrendo de vontade de realizá-los... mas acabam ficando só no pensamento. É aquela calcinha mais bonitinha que eu coloco pra sair em um dia que eu quero me sentir mais sexy...
Não tenho porque esconder tais segredos, mas eles me parecem tão bobos e inconfessáveis, que acabo guardando-os comigo, para sempre. Todas as vezes que remexo meu cofre de segredos, acabo enfeitando cada coisa que há lá dentro com mais um segredo que resolvo que devo guarda-lo lá.
Minha vida parece ser um livro aberto, e ao mesmo tempo eu penso em tantas coisas. Quero tantas coisas que acabo falando menos do que falaria se fosse abrir mão dos meus cadeados internos.
Ah... Como eu tenho o que falar. Queria tanto ser menos infantil e dizer o quanto gosto do perfume que você passa, e o quanto eu adoro passar a mão no seu cabelo. O quanto eu gostaria de deitar na minha cama com você...
Parece impossível um dia eu abrir mão da minha estupidez de não falar o que penso. Eu já levei muito na cara por falar demais, e me mostrar demais. Acho que isso me tornou uma pessoa retraída e imbecil. Gostava tanto de dizer o que queria, e como queria.
Não que eu seja uma submissa, mas quando o assunto é dar o primeiro passo, eu reluto em dar. Só dou quando não tenho medo de quebrar a cara.
Quando eu finalmente dou o primeiro passo, acabo deixando alguns cadeados irem se soltando devagarinho. Mas não pense que eu vou conseguir abrir esse cofre de uma vez. Demora, leva tempo, e com certeza eu ainda guardarei mil segredos comigo.
E eles vão de como eu acho o cara que compra cigarro na mesma padaria que eu o cara mais lindo do mundo, até o quanto eu gostaria de estar tirando a roupa agora e não pensar em mais nada, com você no meio das minhas pernas...

(Odeio imaginar que talvez algumas pessoas leiam isso e se associem ao texto, mesmo havendo uma enorme possibilidade de na verdade não serem elas a pessoa que aparece na minha imaginação antes de eu ir dormir hahahah)

4 comentários:

  1. E depois te um texto esplêndido como esse,você ainda vai querer me convencer de que não escreve bem ? AMAY.

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  2. Claro que gostei. Na maioria das vezes me sinto/sou assim também. É pressionou mesmo :$ tô pensando sobre o que escrever (:

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  3. gente... adorei & fim. O.O' sem nada pra dizer, a não ser a parte em que eu me identifiquei -assim como você odiaria que acontecesse- com o "como eu acho o cara que compra cigarro na mesma padaria que eu o cara mais lindo do mundo, até o quanto eu gostaria de estar tirando a roupa agora e não pensar em mais nada, com você no meio das minhas pernas..."
    Tipo assim, fantástico.

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